A Subsecretaria de Políticas Públicas para a População Indígena, ligada a Subsecretaria Especial da Cidadania, participou na noite desta segunda-feira (15) do primeiro dia da Semana de Valorização do Patrimônio Cultural Indígena de Mato Grosso do Sul, realizada pela Fundação de Cultura do Estado em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no Museu da Imagem e do Som (MIS).
Silvana Terena, subsecretária indígena, foi quem fez a abertura: “A cultura de um povo é a sua identidade, se você senta para ouvir e aprender, compreende a cultura de um povo, e por consequência respeita a sua identidade, principalmente a dos indígenas, que são os povos originários destas terras. Somos 79 aldeias no Estado, as lideranças vão, mas deixam o seu legado”, exclamou.
O objetivo da Semana onde a multiplicidade cultural indígena entra em evidência, é fomentar o reconhecimento desses grupos enquanto partícipes da formação cultural no Estado de Mato Grosso do Sul. No local está instalada uma rica exposição fotográfica sobre o cotidiano dos índios Kaiowá Guarani.
Durante o encontro foi criado oficialmente um Grupo de Trabalho (GT) do Patrimônio Cultural Indígena, na tentativa de estabelecer discussões sobre educação cultural e a criação de políticas públicas de salvaguarda do Patrimônio Cultural Indígena. Com dois membros de cada etnia indígena, o GT foi formado por entidades como: Subsecretaria de Políticas Públicas para a População Indígena, FCMS, UCDB, UFGD, Museu das Culturas Dom Bosco, Iphan (Brasília, PA e MS), Funai, Casa dos Ventos, UFMS, UEMS, Rede Saberes, Secretaria de Educação de Caarapó, Semed, Associação de Caciques, Associação Cultural de Realizadores Indígenas e MIS.
Na sequência o público prestigiou a palestra do prof. Dr. Gilberto Luís Alves com o tema: “Cerâmicas Kadiweu, Kinikinau e Terena”, mediado pela subsecretária Silvana Terena. Gilberto estuda os impactos culturais e ambientais decorrentes de propostas de desenvolvimento regional formuladas por órgãos governamentais, não governamentais e movimentos sociais. “As cerâmicas Kadiwéu, Kinikinau e Terena eram utilitárias nos séculos XIX e XX, Somente a partir da década de 70 passaram a ser produzidas para turistas, tendo o tamanho das peças diminuído e surgido as figuras antropomorfas. Foi o turismo quem salvou a cerâmica indígena”, contou o pesquisador.
Ainda sobre o artesanato indígena, Silvana lembrou que no governo atual foi criada a Tenda dos Saberes, que ampliou a visibilidade da cultura indígena durante os Festivais América do Sul Pantanal (FASP) e Festival de Inverno de Bonito (FIB). “Foi uma das valorizações indispensáveis que este Governo nos proporcionou. Antes, nossas artesãs ficavam no chão, nas esquinas, nas ruas, mas com a Tenda elas conseguiram vender de verdade, lucrar com sua arte e serem valorizadas como artesãs sul-mato-grossenses. Esperamos que nestes quatro anos a subsecretaria indígena mantenha a ligação enriquecedora com a cultura do Estado e principalmente com os festivais”, argumentou a subsecretária.
Programação
Até o dia 20 de abril o mezanino da Casa do Artesão realiza exposição e comercialização de cerâmicas indígenas dos povos Kadiwéu, Kinikinau e Terena e a Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaias Paim realiza exposição de livros sobre a temática. Entre as obras disponíveis para consulta e empréstimo estão: “Os índios e a civilização”, obra da maturidade intelectual de Darcy Ribeiro; “Xingú os índios e seus Mitos”, em que os irmãos Villas-Boas relatam suas experiências etnográficas no Parque Nacional do Xingu; “Os Terena, Comida Mulheres e memórias” (Editora UFMS), de autoria coletiva de Dulce Lopes Barbosa Ribas, Lilian Yatiyo Nakagawa, Magda Moraes e Patrícia Helney e “Coisas de Índio”, de Daniel Munduruku, que apresenta as muitas culturas de comunidades indígenas do Brasil.
Membro da Subsecretaria de Políticas para a População Indígena do Estado, Benilda Vergílio “Kadiwéu”, graduada em Design pela UCDB, realizou na manhã de hoje (16.04) a Oficina Etno Design, no Museu de Arte Contemporânea.
A noite, às 19 horas o MIS exibe três curtas com mediação de Cledeir Pinto Alves (professora do Centro de Formação de Professores Indígenas da UFMS em Aquidauana) e produtores dos filmes: “Cordilheira de Amora II” (9 min.); “À procura de Marçal” (26 min.) e “O olhar indígena sobre Campo Grande” (9 min.).
Hoje(17), às 14 horas, a Profª. Drª. Onilda Sanches Nincao ministra palestra sobre “A língua Terena como patrimônio Cultural Linguístico, na Sala Rubens Corrêa do Centro Cultural José Octávio Guizzo. Onilda é coordenadora do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena da UFMS, campus de Aquidauana.
Amanha, às 8 horas, o Marco realiza o Curso de Pintura em Cerâmica Guarani com Eduardo Pereira Matheus (Geógrafo, mestrando do Programa de Especialização do Patrimônio do Iphan). Eduardo desenvolveu uma metodologia para reconstituição gráfica dos motivos presentes em cerâmicas arqueológicas Guarani sem comprometer a integridade da peça, no Laboratório de Arqueologia Guarani da FCT/Unesp, em parceria com outros pesquisadores.
Todos os eventos são gratuitos e abertos ao público. As inscrições para as oficinas devem ser feitas na hora, no próprio local da realização. Informações na Gerência de Patrimônio Histórico e Cultural da FCMS, com Douglas e Sarita, pelos telefones (67) 3316-9155 ou 3316-9167.
Alexander Onça – Subsecretaria Especial da Cidadania