Campo Grande (MS) – Primeiro estado brasileiro a formalizar projeto para neutralizar a emissão de gases de efeito estufa, Mato Grosso do Sul se destaca em âmbito nacional por um conjunto de ações de mitigação de carbono já implementadas. A vanguarda do Estado neste que é um dos pilares da sustentabilidade será apresentada durante a palestra ‘Mato Grosso do Sul: Estado Carbono Neutro’, proferida pelo superintendente de Ciência, Tecnologia e Inovação de MS, Renato Roscoe nesta terça-feira (7), durante o II Simpósio Internacional sobre Gases de Efeito Estufa na Agropecuária (Sigee), no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo.
Com apoio do Governo do Estado, evento vai até quinta-feira (9) e traz alguns dos principais expoentes nacionais e internacionais sobre os gases de efeito estufa, conhecidos como GEEs, um dos temas de maior repercussão do mundo quando entra em questão a preservação do meio ambiente. Roscoe esteve no último dia 18 em Nova Iorque, onde apresentou a palestra sobre o ‘Projeto MS Carbono Neutro: políticas públicas sobre mudanças climáticas em MS’ durante X ISO DATAGRO Sugar & Ethanol Conference. Na viagem, o superintendente também apresentou o projeto para uma equipe do Banco Mundial, em Washington.
Pauta das apresentações de Roscoe, o projeto MS Carbono Neutro é um dos programas implementados pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, Turismo, Empreendedorismo e Inovação (Sectei), com a finalidade de neutralizar a emissão de Carbono. Entre as ações da iniciativa estão o inventário de emissões do Estado e o desenvolvimento de protocolos próprios para contabilizar as emissões. A criação de metodologias para o inventário do gás será supervisionada pela WRI Brasil, integrante do World Resources Institute, organização mundial de pesquisa ambiental. A parceria com a empresa será formalizada durante o Sigee.
Ainda que uma das principais fontes de emissão do estado seja a pecuária – a partir da fermentação digestiva dos bovinos – os resultados obtidos com o uso de tecnologias e a consequente elevação da produtividade animal já destacam o Estado no quesito sustentabilidade. “Mato Grosso do Sul reduziu área de pastagem ao mesmo tempo em que elevou a produtividade. Nos últimos cinco anos, apesar da redução de 6% no rebanho bovino e de 9% na área de pastagens, tivemos um crescimento na produção de carne de 21%. No final das contas, significa uma redução de emissão de carbono de 22% por tonelada de carne produzida”, detalha Roscoe.
O projeto MS Carbono Neutro está inserido no Programa Estadual de Mudanças Climáticas e Biodiversidade (Proclima), desenvolvimento pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Semade) e pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). “É um projeto que traduz a transversalidade proposta pelo Governo do Estadual e que vai trazer subsídio para entender as contribuições de outras iniciativas com viés na sustentabilidade”, afirma o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Eduardo Riedel.
Entre elas está o programa Terra Boa, de responsabilidade da Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar (Sepaf). Lançado em março deste ano, prevê incentivos fiscais ao produtor com objetivo de recuperar cerca de dois milhões de hectares de pastagens degradadas. “Recuperar áreas reduz a emissão porque aumenta a produtividade do rebanho”, explica Roscoe, destacando que o tempo de permanência do boi no pasto foi reduzido de quatro anos para um período de dois a três anos no Estado, outro fator que corrobora para o caráter sustentável da produção sul-mato-grossense.
“Temos uma vantagem estratégica do Estado, com 38% da vegetação nativa preservada e a possibilidade de expansão sobre áreas de pastagem que já estão em uso, com algum grau de degradação, mas que podem ter sua produtividade elevada”, cita o superintendente. Com objetivo de melhorar ainda mais os índices da pecuária estadual, a Embrapa Gado de Corte, com sede na Capital, também está implementando o projeto Carne Carbono Neutro.
Mato Grosso do Sul tem ainda outros importantes fatores que contribuem para a mitigação do carbono. Nos últimos cinco anos houve redução de 2,5 milhões de hectares de pastagens, área cedida pela pecuária para outras atividades, como a produção de grãos e o plantio de florestas. O desenvolvimento da silvicultura ocupa hoje uma área de quase um milhão de hectares de florestas plantadas, alimentando o polo de celulose instalado em Três Lagoas. E o setor sucroenergético avança na produção de bioenergia, tanto de etanol como de boioeletricidade, a partir da queima do bagaço da cana. Somente na última safra foram exportados para o Sistema Integrado Nacional 2.441 GWh de energia, um crescimento de 29% em relação ao ciclo anterior.
O secretário Riedel destaca que a proposta de desenvolver no Estado uma economia de baixo carbono é um projeto de longo prazo. “O princípio base é o desenvolvimento sustentável, ou seja, produzir mais com menos emissão. O que demanda orientar as políticas públicas em vários aspectos como no uso de energia, uso da terra, na produção de combustíveis renováveis, entre outros”, destacou. Ao consolidar o conceito de sustentabilidade a partir da mitigação, o Estado vai atrair investimentos sustentáveis, agregar valor aos seus produtos e ganhar competitividade, conquistando mercados mais exigentes, completa o dirigente.
Evento – A palestra de Rocoe faz parte da primeira mesa redonda do Sigee, às 19h30 desta terça-feira (7), com a participação do presidente da Embrapa, Maurício Lopes, e do integrante do Fórum do Futuro e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paulinelli.
O II Simpósio Internacional sobre Gases de Efeito Estufa na Agropecuária é realizado pela Embrapa e pelo Sistema Famasul, com apoio do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de MS (Fundect).
Rosane Amadori – Subsecretaria de Comunicação/Segov
Foto: Chico Ribeiro