Campo Grande (MS) – O modelo de administração pública brasileiro está esgotado, o que se reflete não só na aplicação dos recursos, mas também na qualidade dos serviços prestados para a sociedade. A avaliação é do Secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Eduardo Riedel, durante palestra para o corpo técnico da Embrapa Gado de Corte, realizada nesta segunda-feira (17), no Sebrae.
Convidado para falar sobre o desenvolvimento e as perspectivas da agropecuária brasileira, Riedel disse que a sociedade demonstra estar no limite da aceitação. “O estado brasileiro opera por um sistema que está falido. E as mudanças necessárias vão muito além do discurso fácil, populista, porque passam por todos os setores e mexem com a cultura e a formação da sociedade”, avaliou.
Depois de traçar um panorama do setor agropecuário, que apesar da retração de 3,9% do PIB nacional ano passado registrou crescimento ‘dentro da porteira’ de 1,8%, o secretário conversou com os técnicos e falou das diretrizes de austeridade que garantem a Mato Grosso do Sul uma estabilidade relativa se comparada aos demais estados, sendo que 19 deles já não conseguem manter a folha de pagamento em dia.
Entre elas, o enxugamento da máquina administrativa, com a redução de secretarias e o corte de cargos comissionados e terceirizados. “A ineficiência do modelo envolve o sistema político e a maneira como está constituído o serviço prestado à sociedade”, afirmou, destacando não há mais espaço para as administrações públicas elevarem seus gastos.
Dirigindo-se aos pesquisadores, ressaltou que o sentimento de necessidade de mudança envolve também a ciência e tecnologia. Citou a relação do setor agropecuário na qual 6% dos produtores geram 80% da riqueza do campo. “Qual a demanda que esses produtores têm para a ciência e tecnologia? Certamente não é a mesma da dos outros 80%, que têm demanda de consumo da tecnologia já produzida. E pra quem que a rede da ciência e tecnologia vai trabalhar?”, provocou.
E finalizou dizendo que as mudanças estruturais necessárias para dar maior eficiência às ações públicas também passam pelas instituições, e por meio delas, pelo comprometimento de seu corpo técnico.
Agropecuária – Em sua palestra sobre o panorama agropecuário nacional, Eduardo Riedel mostrou que com 22,3% de participação no PIB nacional e fechando 2015 com 46,2% das exportações brasileiras, o setor retraiu investimentos por conta da crise. Indicação disso é a redução nas vendas de máquinas e equipamentos, que depois do pico de 2013 de 82,9 mil unidades vendidas, registrou 44,9 mil vendas ano passado, uma retração de 45,8%.
Ainda assim, o Brasil se mantém como o maior produtor e exportador de café, açúcar e suco de laranja. É o segundo maior produtor e o maior exportador de soja em grãos e carne de frango. Na carne bovina, o País está em segundo tanto na produção como na exportação, posição gerada pelo alto consumo interno do produto.
Rosane Amadori – Assessoria de Imprensa Segov