Publicado em 05 dez 2025 • por Elaine Regina Paes da Silva •
Secretária-adjunta da Segov e vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Ana Nardes, destacou o papel do colegiado na fiscalização e no fortalecimento das políticas públicas
Campo Grande foi sede, nesta quinta e sexta-feira (04 e 05), do 3º Encontro Nacional com Gestoras das Casas da Mulher Brasileira, reunindo representantes das 15 unidades em funcionamento no país e do Colegiado Gestor. Realizado no Auditório Reni Chaves, na Faculdade INSTED, o evento marcou os 10 anos da implantação da primeira Casa da Mulher Brasileira do país, inaugurada em 3 de fevereiro de 2015 na capital sul-mato-grossense.
Promovido pela Secretaria de Estado da Cidadania (SEC), por meio das gestões estadual e municipal da Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande, em parceria com o Ministério das Mulheres, o encontro teve como foco a discussão de práticas, o alinhamento de políticas públicas e a atualização de protocolos de atendimento. A programação reforçou o papel estratégico da Casa da Mulher Brasileira como porta de entrada para acolhimento multidisciplinar e humanizado às mulheres em situação de violência.
Durante o evento, foram destacados os números alcançados pela unidade de Campo Grande, que se tornou referência nacional ao integrar, em um único espaço, serviços essenciais como acolhimento e triagem, apoio psicossocial, delegacia, juizado, Ministério Público, Defensoria Pública, brinquedoteca e alojamento. Desde sua inauguração, a unidade registrou mais de 1,6 milhão de atendimentos psicossociais, 138 mil acolhimentos, cerca de 80 mil boletins de ocorrência e mais de 63 mil medidas protetivas. Apenas entre janeiro e outubro de 2025, foram contabilizados 10.959 atendimentos na recepção e mais de 137 mil atendimentos nos demais setores.
A secretária-adjunta de Governo e Gestão Estratégica (Segov) e vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Ana Nardes, destacou o papel do colegiado na fiscalização e no fortalecimento das políticas públicas. Ela ressaltou o movimento de escuta realizado ao longo do ano, com conferências municipais em todas as regiões do Estado e a realização da 5ª Conferência Estadual dos Direitos das Mulheres, cujos encaminhamentos foram levados à Etapa Nacional. Ana enfatizou a importância de olhar para a diversidade das mulheres sul-mato-grossenses — entre elas indígenas, ribeirinhas e quilombolas — e a necessidade de políticas públicas que contemplem todas as realidades.
Ao avaliar o encontro, ela reforçou que a Casa da Mulher Brasileira segue sendo uma estrutura essencial para garantir que mulheres tenham onde buscar ajuda, e celebrou a expansão da rede com a confirmação de mais três unidades no Estado. “Saber que deste encontro sairão protocolos, procedimentos e informações que vão fortalecer ainda mais o acolhimento dessas mulheres é extremamente gratificante”, afirmou. Ana também destacou que o Conselho permanece aberto para denúncias e informações, reafirmando o compromisso de fortalecer tanto os equipamentos quanto a legislação e as políticas que protegem as mulheres.
Ao abrir o encontro, a secretária de Estado da Cidadania, Viviane Luiza, destacou a relevância de Mato Grosso do Sul, estado que abriga a primeira Casa da Mulher Brasileira do país, sediar um momento de convergência nacional.
“Todas as gestoras que atravessaram de sul a norte para estarem no Mato Grosso do Sul: sejam muito bem-vindas. A violência contra nós, mulheres, é estrutural, e por ser estrutural, exige respostas estruturais, integradas e fortalecidas. Foi assim que a Casa da Mulher Brasileira nasceu aqui, para integrar serviços que antes nos obrigavam a peregrinar atrás dos nossos direitos”.
Viviane lembrou a luta de mulheres que construíram essa política e reconheceu o legado das gestoras que já passaram. “Enquanto uma de nós estiver em risco, o nosso trabalho não estará concluído. Uma sociedade não pode pactuar com o silêncio”.
Presente no encontro, a ministra das Mulheres, Márcia Lopes, fez um chamado nacional por responsabilidade política e enfrentamento à violência. “Não é possível que continuemos elegendo parlamentares que ofendem e atacam as mulheres. Isso precisa mudar, e só muda quando reconhecemos que violência contra as mulheres é responsabilidade de todos. Cada feminicídio é um alerta de que precisamos agir com mais rapidez e firmeza”.
Durante a abertura, o vice-governador José Carlos Barbosa, o Barbosinha, destacou os avanços institucionais do Estado na proteção às mulheres e reforçou a importância da integração do sistema de justiça e segurança pública.
“É fundamental que as instituições do Estado caminhem de forma articulada, e temos evoluído muito nesse sentido. Houve um salto gigantesco em tecnologia, qualificação das equipes e melhoria do fluxo de processos, não apenas na Casa da Mulher Brasileira, mas também nas delegacias especializadas. Hoje, graças à integração com o Tribunal de Justiça, ministra, as medidas protetivas de urgência podem ser cumpridas imediatamente por policiais civis ou militares, sem necessidade de aguardar um oficial de justiça”.
Anfitriã do encontro, a coordenadora estadual da Casa da Mulher Brasileira, Carla Stephanini, celebrou seus 20 anos dedicados às políticas públicas para mulheres e reforçou o compromisso das equipes. “Estou feliz, realizada e extremamente agradecida. Toda nossa energia e determinação estão dedicadas a proteger mulheres e responsabilizar agressores”.
Também estiveram presentes no encontro a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Estela Bezerra; o secretário-adjunto de Estado de Cidadania, José Francisco Sarmento Nogueira; a presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Jamille Augusta Weiss Penteado de Freitas; a subsecretária de Políticas Públicas para Mulheres, Manuela Nicodemos Bailosa e a secretária executiva da Mulher de Campo Grande, Angélica Fontanari.
Encontro marca uma década de resultados e projeta novos caminhos para a proteção das mulheres no país
Elaine Paes e Paula Maciulevicius, Comunicação Segov e Cidadania
Fotos: Elaine Paes



