Planilhas, números e estudos fazem parte da rotina do Secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel.
Desde que o surto de coronavírus tomou conta do País, esse hábito se intensificou na rotina do braço direito do governador Reinaldo Azambuja. Por meio de análises diárias e com base nessas informações, o Governo do Estado tem tomado suas decisões a respeito de medidas efetivas para diferentes áreas, setores e para a sociedade como um todo.
São ações adotadas para conter o avanço da pandemia e manter um controle rigoroso sobre a curva de evolução da doença e assim reduzir os impactos em Mato Grosso do Sul.
Neste momento de deliberações sobre distanciamento social e retomada das atividades, a preocupação do secretário é evitar que o bom trabalho feito até agora possa ser comprometido e por isso a prioridade continua sendo evitar a todo custo aglomerações. Ficar em casa até que uma solução sanitária aconteça ainda é a melhor maneira de combater o coronavírus.
Na área econômica, Riedel é cauteloso e acredita que a retomada das atividades será um desafio para trabalhadores, empresários e que a sociedade vive um tempo de revisão de conceitos, cujo os resultados imprevisíveis estão mudando a vida de governos e indivíduos. E neste momento de incertezas, Riedel é pragmático: não existe uma solução única para o problema – o desafio é buscar medidas assertivas para cada situação e momento.
Confira trechos da entrevista concedida ao ‘Jornal O Estado’ em 3 de maio.
1 – Enquanto os planos são debatidos, estados e municípios acumulam prejuízos. O quão prejudicial essa morosidade na tomada de decisões é para os cofres estaduais?
Eduardo Corrêa Riedel (ECR) – Os estados estão acumulando prejuízos enormes, por conta desta pandemia. Em MS, a projeção para o mês de maio com as perdas na arrecadação está em torno de 250 milhões, o que representa metade da folha de pagamento dos servidores. Para reverter essa situação, estamos fazendo esforços de contenção de despesas e ajustes orçamentários para continuar cumprindo rigorosamente em dia os compromissos do Governo em áreas essenciais como a saúde por exemplo. Neste momento o apoio da União a estados e municípios é fundamental para restabelecer a saúde financeira de cada região.
2 – Em que pé está a discussão para revisão do duodécimo dos poderes em Mato Grosso do Sul? Com qual índice de redução nestes repasses o governo estadual trabalha para tentar minimizar os impactos da desaceleração econômica?
ECR – A discussão existe e está sendo feita com muito critério. A obrigação de todos nós é se adequar a uma nova realidade gerada por um impacto econômico gerado pela pandemia que promove um ambiente de insuficiência de todas as ordens. Nós entendemos que os poderes têm essa consciência que o momento exigirá sacrifício de cada um até que as coisas voltem ao normal
3- O Governo pretende adotar alguma medida de flexibilização em Campo Grande?
ECR – Estamos olhando o Estado como um todo. Cada município tem sua particularidade e vive sua realidade de forma distinta. Inicialmente, blindamos o estado com barreiras sanitárias em 17 pontos e monitorar a pandemia cidade por cidade em relação a sua estrutura e capacidade de atendimento e em relação a evolução da doença. Isso não significa que não hesitaremos em tomar medidas duras, seja aonde for, dependendo da evolução do quadro. Hoje não há necessidade disso, mas a proliferação da doença precisa de cuidado permanente e nós estamos atentos a isso.
4 – Governo vêm sendo protagonista de ações efetivas de enfrentamento. Qual o critério estabelecido para tomada de decisões.
ECR – Nossa gestão tem feito absolutamente o recomendado pelos protocolos de saúde em relação a estruturação. Se analisarmos a realidade dos sistemas de saúde de outros estados, diante do que está acontecendo nesses locais e compararmos com nossa realidade, estamos numa situação muito mais confortável do que essas outras regiões do País. Isso não significa que vamos abrir mão de medidas preventivas como o isolamento – para quem pode ficar em casa – e o distanciamento social. Temos insistido nessa recomendação, mas ainda não houve a necessidade de aplicarmos o lockdown (isolamento total). Só vamos adotar essa medida se a proliferação do COVID -19 evoluir e necessitar de medidas extremas no local adequado.
5 – Campo Grande é a cidade com maior densidade populacional de MS, como o Governo vêm mantendo o diálogo com a prefeitura da Capital sobre o novo coronavírus?
ECR – O prefeito Marcos Trad tem total autonomia para tomar as decisões e definir os rumos que o município de Campo Grande vai adotar como postura de enfrentamento à doença. Percebo que a situação da nossa Capital tem caminhado de forma aceitável, mas não é por isso que vamos deixar de recomendar o que entendemos como correto para este momento difícil: isolamento e distanciamento. Respeitamos as decisões dos gestores de cada cidade e estamos em diálogo permanente com os prefeitos dos 79 municípios do estado para, juntos, adotarmos medidas essenciais no enfrentamento da pandemia.
6 – Quais as medidas que o governo vem tomando para impedir o aumento de casos do COVID-19?
ECR – Para os próximos 10 dias, nosso planejamento de enfrentamento prevê aumento no diagnóstico da doença. Vamos ampliar nossa capacidade de análise com mais exames e testes rápidos. Além disso, implementamos o sistema drive-thru (coleta de exames feitos dentro do automóvel) nas cidades de Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Todas essas medidas ajudam na capacidade monitoramento e nos direcionam para as ações que deverão ser tomadas no combate ao novo coronavírus, seja no afrouxamento ou na tomada de decisões sobre restrições mais severas. Quem vai determinar isso será o corpo técnico da área de saúde que discute com outros profissionais esse tipo de atuação por parte do Estado.
7 -O senhor como uma das lideranças no agronegócio no Estado acredita que assim como vem sendo nos últimos anos, o setor será de fundamental importância para o País entrar nos eixos pós-pandemia?
ECR – O agronegócio tem sido o motor do PIB brasileiro muito antes desta crise. O setor cresceu 3,8% e representa 21% do PIB brasileiro, em 2019. Se olharmos o passado, veremos que o agro ocupa um papel importante no desempenho da nossa economia e foi nosso suporte também em outras situações difíceis. Além de todos esses fatores mencionados acima, o agro gera emprego, renda, garante nossa segurança alimentar e leva um produto alimentício de qualidade na mesa do consumidor.